GRUPO ESCOTEIRO RUDYARD KIPLING - 8º GO
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Palavras do Presidente
Goiânia, 04 de setembro de 2016.
Dia desses um grupo de colegas decidiu fazer uma corrente do bem para ajudar outro colega que é cadeirante. Ele precisa se deslocar por ruas e avenidas para ir trabalhar e enfrenta muitas dificuldades no trajeto. Atitude nobre e louvável nesses tempos bicudos em que as dificuldades que enfrentamos nos levam a deixar de olhar para o próximo. A sugestão do líder dessa corrente do bem é angariar fundos para comprar uma cadeira elétrica para ele, diminuindo o esforço que ele faz para ir até o trabalho. Além disso, pediu a todos que depositassem em uma conta de poupança aberta com esse fim especifico e que ao final da corrente, disponibilizaria extrato dessa conta para todos, mostrando o quanto foi arrecadado e o valor utilizado na aquisição da cadeira. Transparência ao lidar com valores de terceiros é fundamental para criar confiabilidade. Esse projeto levou a inúmeras conversas entre colegas e e-mails distribuídos para vários outros grupos, visando aumentar o alcance e o valor arrecadado. Envolvimento e participação da comunidade conseguem viabilizar sonhos muito além do que seria possível de forma isolada. Nessa mensagem encaminhada é solicitado a todos que não falem do projeto com o colega cadeirante, pois ele por orgulho ou inibição, poderia ficar desconfortável ou até mesmo não aceitar a ajuda. Aqui, chegamos ao dilema, ajudar ou não essa corrente do bem? Temos o direito de decidir o que é bom para outras pessoas? Será que por ter boas intenções, podemos fazer o que achamos correto sem levar em conta os interesses daqueles beneficiados por nossas ações?
Ao participar de movimentos voluntários, devolvemos para a sociedade um pouco do que recebemos, seja na forma de valores monetários, conhecimentos, habilidades ou capacidade de execução. E os voluntários recebem de volta o sentimento de completude por ter podido ser parte do processo de melhora de outros seres humanos e de nossa sociedade. Nesse processo, não podemos perder de vista o interesse dos beneficiados por nossas ações e o alinhamento de nossos planos com a realidade daqueles que queremos beneficiar. Não é incomum ouvirmos reclamações sobre o esforço dispendido pelos voluntários e a falta de compreensão dos beneficiados. Existe uma parte fundamental do voluntariado, muitas vezes não totalmente compreendida ou exercitada, que é o alinhamento de expectativas entre as várias partes envolvidas. O voluntário precisa saber o que o movimento espera dele. O movimento precisa entender o que o voluntário espera com o seu trabalho. O beneficiado precisa saber o que receberá do movimento. O movimento precisa saber até onde vai seu trabalho. O voluntário precisa saber exatamente como se portar em cada situação e o que poderá entregar com seu trabalho no movimento. Nesse processo, alguns movimentos geram enormes esforços, atingem objetivos que seriam de orgulhar, mas não conseguem gerenciar adequadamente as expectativas, gerando frustação e conflitos.
O gerenciamento de expectativas de um movimento voluntário é parte fundamental do seu planejamento estratégico e precisa levar em conta as necessidades e anseios dos vários indivíduos envolvidos e da comunidade onde atua. A boa intenção quando prescinde da noção de respeito e empatia pode perder autenticidade.
Ricardo Martins Lemos.
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Goiânia, 25 de outubro de 2015.
Com a mudança da civilização humana de caçadora e coletora para comunidades de agricultura e pecuária, surgiu a necessidade de marcar a passagem do tempo para possibilitar melhor organização do trabalho. Na antiga cultura Suméria era costume, com a mão aberta, contar com o dedão, os nós dos outros dedos (base 12 em vez de base 10). Baseado nesse costume, os egípcios dividiram o dia e a noite em 12 horas e observando as constelações para marcar a passagem dessas horas, definiram 36 períodos de 10 dias (ano egípcio de 360 dias), que permitia prever com precisão a cheia anual do rio Nilo e se preparar para o plantio. Isso foi cerca de dois mil anos AC. Com algumas melhorias, esse sistema deu origem ao calendário Gregoriano (em homenagem ao Papa Gregorio XIII), atualmente adotado pela maioria dos países, com 365 dias, 12 meses e 52 semanas de 7 dias.
Aproxima-se mais um final do ano e chega o momento de planejar nosso próximo ciclo. Para isso, podemos aprender com a experiência acumulada nesses 4000 anos e tentar garantir a colheita na próxima safra. Assim, devemos começar pela avaliação do último ciclo, verificar o que foi feito, quais objetivos conseguimos cumprir, os motivos que nos levaram a não cumprir todos e entender as lições que podemos aprender com nossas ações. O próximo passo é o diagnóstico. Como estamos nesse momento? Em quais competências estamos falhando? Em quais podemos melhorar? Após as etapas anteriores, precisamos definir os objetivos para o próximo ano e finalmente, elaborar o plano para atingir esses objetivos, definindo datas, metas e recursos necessários.
Todos já ouvimos ou vivemos histórias de planos que falharam ou não foram executados a contento. O que podemos fazer para melhorar as chances de nosso plano funcionar no próximo ano? Primeiro, garantir que todos os envolvidos participem da elaboração desse plano e estejam realmente comprometidos com os objetivos e as ações planejadas. Segundo, avaliar em conjunto com os demais envolvidos a necessidade de priorizar alguns objetivos em detrimento de outros, pois nem sempre a finitude do tempo ou recursos nos permite atingir todos. E antes de começar a executar o plano, precisamos divulgar aos eventuais afetados ações definidas e avaliar se as consequências negativas e positivas serão suportáveis.
Alguns consideram que planejar dessa forma é trabalhoso e pode ser considerado como uma tarefa burocrática e chata. Para esses, deixo uma frase de Dwight Eisenhower para reflexão:
“Antes da Batalha, o planejamento é tudo. Assim que começa o tiroteio, planos são inúteis.”
Ricardo Martins Lemos.
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